Meu amor...

Gosto de escrever e sei que sabes, trago-te comigo as palavras que brotam como uma nascente aqui de dentro, no mais profundo e abissal de nós, vem dos profundos labirintos dos meus mistérios e dos nossos segredos, escrevo, e penso muito, mas, não em qual quer pessoa, sei que o que escrevo pra falar dos dias, das dores, das belezas que habitam nos dias, de tantos sentimentos enraizados, pulsando no coração da terra, onde eu pretendo chegar, e sei que consigo ir, escrevo pra ti, de olhos fechados e coração aberto, escuta meu lamento, atende o meu chamado, eu te espero, leia-me amor, e diga-me que estas vindo, sei que achastes o caminho, o sol esta brilhando, segue os seus raio sobre as árvores, entre os rios, amo-te e sei que sabes, sempre estarás comigo, mesmo que chova e o dia pareça triste e eu sozinha, nos meus olhos trago os teus olhos, e nos meus passos a luz que deixastes comigo, apesar da mão pesada das memórias asfixiarem tua voz e marcam a expressão do teu rosto e das tuas mãos, as palavras desnorteadas perderam o rumo, perderam-se dentro dos envelopes amarelados, ganháramos os restos do nada, do muito que sempre fomos, nos silêncio branco que vestiu o papel hoje tão vazio, deixo as palavras que não escrevi pelos caminhos que nem sempre andamos, nas páginas que escondem-se da borracha do tempo e dissipa-se no tempo, escondem-se dentro dos livros que já não lemos mais...

Aberto sobre a mesa o teu livro espera-te, milhões de folhas falam de ti, folhas brancas úmidas, pelas minhas mãos, pelos meus olhos, chegastes como anunciou o meu coração...

Nina Pilar